sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Romney cavalga a onda populista

No discurso mais importante da Convenção Republicana, o de Mitt Romney, ficou patente o arriscar, compreensível, do candidato, de conquistar o eleitorado da classe média.

A grande proposta é de criar 12 milhões de empregos, ou seja, pouco mais de metade do atual número de desempregados nos EUA, 23 milhões.

Romney trata a dimensão política como se fosse um negócio. Percebe-se a sua veia de empresário, mas a sua experiência de Governador devia ter-lhe indicado que a realidade, e em especial a governação de um Estado, é bem mais complexa do que parece, sobretudo no contexto atual, de uma economia global anémica.

Os Republicanos procuraram, nos últimos dias, cativar o eleitorado descontente, e apostaram, como é típico, nos valores da família, para cativar milhares de casais nos EUA a mobilizarem-se para optar por outro caminho, que não o apresentado e implementado pelos Democratas.

Em termos externos, Romney repescou o discurso reaganista da Guerra Fria e focou Putin como o "alvo". Ora, o mundo mudou. A Rússia tem, como sempre teve e terá, uma importância global, mas entender o planeta, como Romney dá a entender, numa lógica bipolar, de Guerra Fria, é um desfasamento total. A Rússia não é o único player mundial a par dos EUA.

Intimamente ligada à política externa e com forte relação e impato na política doméstica é a política energética. Romney propõe-se a reduzir a dependência externa nos próximos oito anos. Tal como a proposta de Obama, há quatro anos, os políticos norte-americanos deviam ser mais rigorosos nesta matéria. O mais preocupante desta proposta de Romney é que o candidato Republicano valoriza fontes como o carvão. Infelizmente, há desafios globais, como o ambiental, que sempre foram desconsiderados pelos Republicanos, e não deviam. Romney falou nas energias renováveis, que fica sempre bem, mas não é de desconsiderar que a sua referência foi a última, e não uma prioridade. Preocupante!

CMC

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