quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Uma batalha que favorece Obama

Num post anterior referi que se a vitória de Romney fosse superior a 10% na Flórida, acabou por ser de praticamente 15%, este conquistaria a corrida Republicana.

Mas a noite de ontem ainda não significou a rendição de Gingrich, nem dos outros candidatos, ou seja, o fim das primárias, com o vencedor reconhecido por todos.

Paul é um caso à parte. Faz da campanha uma oportunidade para projectar as suas ideias. Santorum - que nem fez grande campanha na Flórida e teve a infelicidade de uma das filhas apanhar pneumonia, afastando-o naturalmente da campanha -,  na noite da eleição da Carolina do Sul estendera o tapete a Gingrich, como o candidato conservador, todavia, ontem, no rescaldo da eleição, acabou, entre linhas, por condenar o antigo Speaker, por ter falhado a conquista da Flórida, onde chegou a ser o favorito, ao mesmo tempo que lamentou a campanha suja que se desenvolveu. Santorum não teve um péssimo resultado, mas não foi muito famoso.

O grande derrotado da noite acabou por ser Gingrich. Saído fortalecido da Carolina do Sul, apresentava-se como o favorito na Flórida, mas uma série de erros, desde o investimento na Lua, onde deseja estabelecer o 51º Estado dos EUA, à campanha suja que fez contra Romney, este também respondeu na mesma moeda, o Speaker foi derrotado em todas as frentes. Perdeu no voto feminino, no voto hispânico, apenas cativou o eleitorado evangélico, no qual também acabou por ganhar a Romney, mas por pouca margem.

Romney, que tinha um teste de fogo, ganhou em todas as frentes e terminou a noite com um discurso de unidade Republicana para combater Obama. Unidade que não foi defendida por Gingrich, que diz manter-se na corrida até ao fim, chegando o lema da noite ser "46 States to go", como quem diz, estou cá até ao fim. Percebe-se que o seu grande objectivo é chegar à eleição do Texas, em 3 de Abril, onde se joga a eleição de 150 delegados e Gingrich espera que o apoio dado por Rick Perry, Governador do Estado, seja determinante. Todavia, antes do grande Estado do Sul, ainda tem 25 eleições, nas quais Romney tem grande vantagem.

Está visto que os quatro candidatos vão continuar a campanha mais umas semanas. Não querem interpretar o resultado expressivo de ontem e este erro acabará por beneficiar, para já, os Democratas, pois Gingrich está ferido de morte e a sua campanha suja deve continuar, mais com um sentido de vingança do que de conquista, no sentido de manchar o nome de Romney. O ex-Governador do Massachusetts, entretanto, deve mudar o sentido da sua campanha e regressar à antiga estratégia, falar mais para Obama do que para os seus adversários internos. Veremos até quando durará umas primárias que, no meu entender, ficaram decididas ontem. Sábado há mais, no Nevada.

Há quatro anos, após o péssimo resultado na Flórida, Giuliani, o hiper-favorito antes das sondagens, soube entender o que as urnas do Estado mais representativo da diversidade dos EUA quis dizer nas urnas.
CMC  

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